03/04/2021 às 00h46min - Atualizada em 03/04/2021 às 00h46min
A EXTINÇÃO DOS ÍNDIOS CAETĖS E O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO DE SÃO MIGUEL DOS CAMPOS - AL.
Quando o rio São Miguel foi descoberto por Américo Vespúcio é Gonçalves Coelho, em 1501. Às margens do rio eram habitadas pelos valentes Caetės.
Os indios dessa região eram chamados de Sinimbys. Na línguagem tupi. Sinimbys significa "Calangos Verdes".
Os indios receberam este apelido por um simples motivo, quando eles entravam em guerra, eles se pintavam de verde para enganar os inimigos, alguns deles ficavam deitados nos galhos das árvores observando se vinham alguns inimigos para aldeia.
Os indios Caetės ficaram imortalizados na história de Alagoas e do Brasil pelo fato deles terem devorado o Bispo, Dom. Pero Fernandes Sardinha pois os mesmos eram antropófogos.
Este lamentável episódio, aconteceu em 16 de junho de 1556, nos baixios de Dom. Rodrigues, perto da foz do rio Coruripe, quando a Nua Nossa Senhora da Ajuda naufragou.
Dom. Pedro Fernandes Sardinha e mais cinco tripulantes nadararam até a proximidade da foz do rio São Miguel, mas assim que chegaram em terras, foram pegos pelos índios Caetės.
Dessa terrível chacina, só escaparam um português e dois índios da Bahia, que falavam a língua Tupi.
Infelizmente, Dom. Pero Fernandes Sardinha foi saciado pelos índios na proximidade das ruínas da capela de Santa Ana, na Barra de São Miguel.
Por sinal, no lugar onde o bispo foi assassinado e comido, nunca nasceu um pé de mato.
Por caso desse episódio, os índios Caetės foram batizados de “Papa Bispo”.
Um ano depois, em 1557, a Rainha de Portugal, Catarina da Áustria juntamente com a bula papal, mandou matar todos os índios, pertencentes a nação dos Caetés.
Este lamentável acontecimento ficou reconhecido na história de Alagoas como a “Guerra dos Caetés”.
Jerônimo de Albuquerque, irmão de dona Brites e cunhado de Duarte Coelho da Costa, assumiu provisaramente a Província de Pernambuco, pelo fato de Duarte da Costa ter ido se tratar de uma doença em Portugal.
Assim que recebeu o comunicado da rainha e da bula papal, Jerônimo de Albuquerque e seus comandados, assassinaram platicamente todos os índios da nação dos Caetés.
Certa vez, Jerônimo de Albuquerque mandou colocar na boca dos canhões alguns índios prisioneiros e dispara – los à vista dos demais, para que os mesmos vissem voar em pedaços.
A bala e o fogo despovou inteiramente toda às terras índigina, os que escaparam foram escravizados e tiveram que se adaptar os novos rumos da civilização branca.
Existe outra versão contrária. Segundo os historidores, Dom. Pero Fernandes Sardinha, viajava para Lisboa afim de contar para o rei Dom João III, às desavenças provocadas por Álvaro Coelho da Costa, filho do governador da Província de Pernambuco Duarte Coelho da Costa.
Pois o mesmo era acusado de matar os índios e de práticar sexo com as índias.
Por causa dessa desaventura, a tropa de soldado portugueses, assassinaram o bispo e a sua comitiva, a mando do governador da província”.
Depois da extinção dos índios Caetės, muitos imigrantes, principalmente portugueses vieram para São Miguel, em busca de aventura, divido ao solo fértil e a produtividade dos seus Campos.
Segundo registro da Capitania de Pernambuco, datado de 30 de agosto de 1606, afirma que o el Rei de Portugal Fellipe II, por carta, comunica ao governador geral da província Dom. Diogo Botelho, da presença de dois moradores em solos miguelenses, os irmãos, João e Sebastião Ferreira da Rocha, naturais da cidade de Viana de Castela, Portugal.
Os mesmos, se instalaram nas terras marginais do Coité.
Em 1612, às terras do vale do rio São Miguel, foram repartidas para diversos pessoas da localidade. "Este ato de doação era chamado de Sesmaria".
Entre as pessoas contempladas podemos destacar o nome de dona Filipa de Moura, viúva de Pedro Marinho Falcão, que ganhou às terras marginais do rio São Miguel.
Dona Filipa de Moura, de raízes fidalgas, era descendente da família do Desembargador Antônio Moura Castro.
Seus genros, Antônio Ribeiro de Lacerda e Cosme Dias da Fonseca, também foram contemplados.
A Antônio Barbalho Feio deram cinco légua do engenho São Miguel até às terras dos Campos de Inhauns. Antônio Barbalho Feio foi o fundador do engenho São Miguel, que depois passou a denominação de engenho Sinimbu.
Também foram contemplados com sesmarias, os seguintes lavradores: meia légua para Gonçalo Ferreira, meia légua para Belchior Pinto, três léguas para Belchior Álvares Camelo, uma légua para Manuel de Caldas, duas léguas para Manuel Pinto Pereira, duas léguas para Gonçalo da Rocha Barbosa, duas léguas aos filhos de Brósio Correia Dantas, meia légua para Sebastião Ferreira da Rocha, mais meia légua para Belchior Pinto e mais três léguas para Belchior Álvares Camelo.
Em 1630, quando os holandeses invadiram a Capitania de Pernambuco, eles também estiveram Alagoas.
O principal objetivo dos holandeses era a comercialização do açúcar, eles queriam controlar a venda do produto para Europa.
A meta deles, eram de dominar toda os engenhos de açúcar da região do Nordeste. Chegando ao ponto de se apossar em alguns deles.
Aqui em São Miguel, eles apossaram-se de dois aquipamentos: A Capela de Santo Antônio que fazia parte do complexo do engenho do Furado e a Sesmaria de Sebastião Ferreira da Rocha.
Na Capela de Santo Antônio do Furado, eles construíram um túnel subterrâneo que ia dá de encontro com o rio São Miguel. Quando eles, avistavam às tropas portuguesas, entravam no túnel e saía no salão da capela e vice versa.
Como Sebastião Ferreira não quiz entregar às suas terras, ele foi preso pelos holandeses e como castigo eles queimaram as plantas dos pés e das mãos do temido lavrador e atearam fogo nos seus canaviais e ainda destruíram seus bens materiais como também levaram as suas criações: Gados e cavalos.
Este bravo lavrador de cana, ainda teve que pagar uma quantia em dinheiro, para permanecer vivo. Ele ficou aleijado pro resto da vida, andava de banda pelo chão.
Sebastião Ferreira ficou imortalizado na história do município como o “Mártir Miguelense”.
Há documento datado de 1683, afirmando que São Miguel já era curato sobre a vocação de Nossa Senhora do Ó.
Havia no povoado duas igrejas: A Igreja Nossa Senhora do Livramento, que ficava localizada na Rua da Ponte e a Ermida de Santa Cruz, localizada no logradouro da rua do mesmo nome, próximo a igreja havia um cemitério que fazia parte do seu complexo.
Essas duas instituições religiosas sofreram bastante com as enchentes do rio São Miguel. Ambas, foram demolidas em 1702.
Neste mesmo ano, foi criado a Freguesia de Nossa Senhora do Ó.
( Texto Escrito Por Ernande Bezerra de Moura )
* Membro Efetivo da Academia de Letras, Artes e Pesquisa de Alagoas - ALAPA.