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A HISTÓRIA DO ENGENHO SÃO MIGUEL, DEPOIS ENGENHO SINIMBU DA CIDADE DE SÃO MIGUEL DOS CAMPOS - ALAGOAS.

Ernande Bezerra de Moura
03/05/2021 18h07 - Atualizado em 03/05/2021 às 18h07
Reza a história que o engenho mais antigo de São Miguel dos Campos é o engenho São Miguel. 

Segundo a histórografia de Alagoas, o engenho São Miguel foi erguido quando às terras de São Miguel foram repartidas em Sesmarias, em 1612.

O engenho São Miguel ficava localizado às margens do vale do rio São Miguel, e pertencia ao português Antônio Barbalho Feio.

Em 1633, o engenho São Miguel foi vendido ao marcador holandês Marten Meyendersen. O engenho não moia, ele estava parado por falta de manutenção.


Infelizmente não há registro em cartório e nem nos livros escritos sobre a história de Alagoas, de quem Ana Lins e seu marido Lourenço Bezerra da Rocha compraram o engenho. Com certeza o engenho passou por diversos donos até chegar às mãos do casal.

Sabemos que o casal teve que refazer os melhoramentos essenciais para o seu funcionamento, também eles restauraram a Casa Grande e os demais compartimentos pertencentes ao engenho.

Durante este período aconteceu um fato lamentável, a morte de Lourenço Bezerra da Rocha, vítima de uma epidemia, em 1790. 

Com a morte do marido, Ana Lins deixa Porto Calvo e vem morar difinitivamente em São Miguel, juntamente com suas duas filhas, Mariana e Antônia Arnalda.

Anos depois, ela conhece o comerciante de gado, Manuel Vieira Dantas e  casa com ele. Manuel Vieira Dantas também era viúvo e tinha uma filha por nome de Maria Catarina. Vieira Dantas era oriundo da tradicional família Rocha Dantas da cidade de Penedo.

Desse laço matrimonial nasceram os seguintes filhos, Francisco Frederico Vieira da Rocha, Manuel Duarte Ferreira Ferro, Ignácio de Barros Vieira Cajueiro, João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu,  Ana Luiza Vieira Sinimbu e Francisca de Paula Vieira Lins.

O engenho Sinimbu tornou-se o engenho mais importante de Alagoas, o açúcar era transportado de barcaças pelas águas do rio São Miguel com destino ao porto do Francês e de lá o açúcar era enviado de navios para a Europa.
 
Da conta que o nome de Sinimbu teria sido originado dos índios Caetés, que habitaram essa região, antes dela ser civilizada.

A escritora miguelense Guiomar Alcides de Castro, relata em seu livro que tanto o rio quanto o engenho eram chamados de Sinimbys. Segundo o mapa de Barleus.


A palavra Sinimbys ou Senambys na linguagem índigina significa " Calangos Verdes ". Assim eram chamados os nossos índios.

O engenho Sinimbu foi palco de duas grandes revoluções, a Revolução Pernambucana em 1817 e a Confederação do Equador em 1824.

Ana Lins lutou bravamente ao lado do marido, Manuel Vieira Dantas e dos filhos Francisco Frederico da Rocha Vieira e Manuel Duarte Ferreira Ferro.
 
Em seu livro, o historiador Craveiro Costa batizou o engenho Sinimbu "A Trincheira da República", pelo fato dele ter sido o principal palco dessas duas recordações aqui em Alagoas.

Quando Ana Lins faleceu em 1839, o engenho passou a pertencer ao seu filho, Francisco Frederico da Rocha Vieira e consequentemente a Epaminondas da Rocha Vieira, o "Barāo de São Miguel". O mesmo era filho de Francisco Frederico.

Depois da morte do Barão, em 1897, anos depois a Baronesa de São Miguel, Antônia Leopoldina da Rocha Vieira negociou o engenho com os irmãos, José e João César Teixeira. A baronesa faleceu em 1914.

Os irmãos, José e João César Teixeira foram os últimos donos do engenho Sinimbu.

 ( Texto: Ernande Bezerra de Moura )

* Membro Efetivo da Academia de Letras, Artes e Pesquisa de Alagoas - ALAPA e Presidente da Academia Miguelense de Letras e Artes - AMILA.
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