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13/02/2024 às 09h05min - Atualizada em 13/02/2024 às 09h05min

A mesopotâmica promoção pessoal de Arthur Lira e seu pupilo JHC

O presidente da Câmara e o prefeito de Maceió usaram o maior carnaval do país para colar sua imagem à da cidade onde têm sua base política

Por redação
O Antagonista
JHC à esquerda e Lira desfilam pela Beija-Flor, beneficiada com um financiamento de R$ 8 milhões da prefeitura de Maceió - Foto: redes Sociais
Maceió, capital de Alagoas, patrocinou o desfile da Beija-Flor, no Rio de Janeiro. Pagou 8 milhões de reais.


Pode até ser que a cidade venha a se beneficiar com turismo e negócios, como querem as autoridades que defendem o “investimento”.  

Neste momento, só podemos ter certeza que duas pessoas lucraram: o prefeito de Maceió João Henrique Caldas, o JHC, e seu padrinho político Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados (na foto, à direita e à esquerda da bandeira, respectivamente). 

Eles se esbaldaram na comissão de frente da escola de samba. Colaram suas imagens à cidade onde têm sua base política. Para eles, a compra do enredo da Beija-Flor foi só alegria.  

Qual folia?

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) pediu informações à prefeitura de Maceió para entender melhor essa história. Fez muito bem, é claro. Os cidadãos da capital nordestina merecem saber exatamente qual tipo de folia os seus impostos financiaram.

Será uma vergonha se o Ministério Público de Alagoas e a Procuradoria Geral da República não agirem da mesma maneira em relação a Lira e JHC. Se o ziriguidum de ambos não foi promoção pessoal com dinheiro público, difícil imaginar o que seria.  

Passar com o carro alegórico por cima da impessoalidade na administração pública pode acarretar processo por improbidade administrativa. Também pode ter consequências eleitorais. JHC deve buscar a reeleição neste ano. 

É de enlouquecer

O Brasil é mesmo de enlouquecer. O jornal O Estado de Minas publicou nesta segunda-feira, 12, uma reportagem mostrando que os tribunais regionais eleitorais “acumulam decisões sobre representações contra políticos suspeitos de tentar se aproveitar da festa para promoção pessoal”. 

O texto cita o exemplo de um município amazonense onde as escolas de samba, depois de receberem patrocínio da prefeitura, homenagearam o prefeito com citação no samba-enredo, em um caso, e com foto no uniforme dos foliões, no outro.

Um segundo exemplo foi tirado de Pernambuco: o mascote de um bloco tradicional, numa cidade do interior, foi enfeitado com a inicial do prefeito em tamanho gigante, além do número de seu partido. 

O carnaval carioca, no entanto, pertence a uma outra liga. Comparada com essas pilantrices, a compra do enredo da Beija Flor pela política alagoana precisa ser descrita com o linguajar de Milton Cunha, o comentarista de carnaval da Rede Globo. 

Foi uma coisa “mesopotâmica, cleopátrica, nabucodonosoriana!” 

Tire a sua alegria do caminho

PS: A Beija-Flor é responsável por um dos enredos mais ácidos e memoráveis da história do carnaval carioca, “Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia”. Sem deixar de ser empolgante, o desfile de 1989 falou de miséria e mendigos. É triste ver uma escola com esse currículo se render à politicagem do bloco de Lira.


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